domingo, 3 de janeiro de 2010

Brasil testa maconha para tratar Parkinson

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e do Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina testam o canabidiol -uma das 400 substâncias encontradas na maconha- para tratar males como a doença de Parkinson, fobia social e sintomas psicóticos da esquizofrenia.
Um trabalho publicado em novembro traz resultados promissores para controlar efeitos adversos do tratamento do Parkinson. Seis pacientes receberam cápsulas de canabidiol em associação ao remédio contra a doença durante um mês.

“Os parkinsonianos apresentaram melhora nas alterações de sono e nos sintomas psicóticos e tiveram maior redução dos tremores”, diz o psiquiatra José Alexandre Crippa, professor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da faculdade e um dos pesquisadores.
Outro estudo com dez pacientes, que será publicado em 2010, demostrou que o canabidiol tem efeito ansiolítico contra a fobia social, que gera sintomas como medo de falar em público. Os voluntários receberam a substância uma hora e dez minutos antes de um teste que leva à ansiedade e placebo, para comparar os resultados.

Por causa desses efeitos, pacientes costumam procurar a erva, ainda que sem conhecer as propriedades dos compostos específicos, para se sentirem melhor. Estudos mostram que veteranos de guerra consomem mais maconha, assim como pessoas com transtornos psiquiátricos, em comparação com a população em geral.
“Pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo e com mania dizem que podem ouvir do médico os melhores argumentos para pararem de usar maconha, mas não vão parar porque se sentem nitidamente melhor. Mas é obviamente desaconselhável o uso não terapêutico da erva, porque pode piorar os sintomas psicóticos. É um paradoxo, porque as substâncias podem ajudar a tratar problemas, mas quem fuma não sabe o que está inalando, desconhece a proporção dos compostos”, diz Crippa.
Dificuldades

No Brasil, não há autorização para o uso terapêutico de nenhuma substância derivada da Cannabis sativa (nome científico da maconha). Mas em outras partes do mundo tanto o canabidiol quanto o TCH (delta 9 tetrahidrocanabinol) -os compostos derivados da erva mais estudados- são utilizados para tratar também dores neuropáticas, náusea e vômito causadas por quimioterapia e esclerose múltipla.
Eles são disponíveis em forma de cápsulas, spray bucal e adesivo e podem ser inalados -em alguns estados dos EUA, pacientes são autorizados a fumar maconha com teores mais elevados de TCH para tratar algum problema.
Elisaldo Carlini, psicofarmacologista e diretor do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da Unifesp, afirma que é muito difícil importar o material necessário para pesquisas. “Em termos de lei, está tudo na estaca zero. Por aqui, não se reconhece a maconha como remédio de jeito nenhum”, diz.
Para tentar organizar o estudo sobre o uso medicinal da maconha no Brasil, o Cebrid organizará em maio de 2010 um simpósio que reunirá pesquisadores, sociedades científicas e representantes do governo.
Pesquisadores defendem a criação da Agência da Cannabis Medicinal, uma exigência da ONU para que um país possa usar clinicamente os medicamentos à base de derivados da erva. A agência seria vinculada ao Ministério da Saúde.

“Não tenho nenhuma dúvida de que a maconha é importante. No passado, foi considerada um dos principais produtos para combater dores miopáticas, chamavam-na de divindade da neurologia. Mas não se pode usar a torto e a direito sem indicação médica. O controle é importante”, afirma Carlini.

Fonte: Folha de São Paulo




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